"I am not at liberty to reveal
my sources, but I can assure you,
the price on your head is high"
(Edric, Spymaster of Trest).
Ah, mas essa nem de longe é uma notícia desagradável. É como se em quem me perseguisse eu tivesse ao menos o consolo de haver meus feitos julgados dignos o suficiente para deles alguém se ocupar. Uma falácia, é claro, se eu me permitisse consultar rapidamente a realidade e ver que a perseguição não transformou em ouro o passado. Mas poderia ser um indício. Sim, considerarei como um indício, uma feliz desconfiança de que o mal persegue-me por ver em mim seu natural inimigo. E eu, que pensava de nada haver valido toda a minha vida, morrerei injustamente enquanto tomava o café na cama. (Um único tiro no peito, a sacada encontrada aberta pelos policiais, os criados atônitos com o pérfido crime).
O passado, esse sim, é desagradável. Pudesse verter ácido pelos meus ouvidos, um ácido especial que dissolvesse minha memória, nada restando em meu crânio senão uma massa vazia e inocente, ainda assim não seria o bastante. É necessário despejá-lo sobre toda a existência, baldes e mais baldes de ácido irrigando fumegante meu corpo. Talvez uma mistura alquímica que obtivesse o novo, o não conspurcado, um ramo que enegrecido e reduzido a um galho seco pudesse ser novamente plantado. Se não é possível livrar-se do passado, que ao menos linhas suficientemente longas e ordenadas de novas folhas possam esmaecer as amareladas, tornando-as irrelevantes pontos para o aspecto geral.
2 comentários:
E se pode escrever novas linhas amareladas sem reler aquelas mais amareladas ainda do passado?
A ideia do ácido é instigante...
Ignorar os erros, você diz? Pode, sim. Tem erro que eu nem sei. Mas acho que corrigir erros é melhor do que ignorá-los.
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